Diego gama divulgações

Total de visualizações de página

domingo, 6 de novembro de 2016

“BICOS” AJUDAM A MELHORAR RENDA

(Foto: Reprodução)
  

A crise econômica fez com que o desemprego atingisse um dos níveis mais altos das últimas décadas. São quase 12 milhões de desempregados no país. Apenas no Pará, nos últimos 12 meses, foram perdidos 50 mil postos de trabalho. Até meados de 2014 o Pará chegava a admitir, por ano, mais de 400 mil pessoas, com saldos de empregados sempre positivos. “A partir de 2015, começamos a admitir menos e o saldo começou a ficar negativo”, destaca o economista Roberto Sena, supervisor técnico do Dieese.

Como o aumento do desemprego, aumentou a entrada das pessoas na informalidade para conseguir sobreviver. “As pessoas não têm outra saída a não ser, por exemplo, botar sua barraquinha na rua e virar empreendedor, se virando nos 30”, comenta.

Aliado à retração na economia, a inflação continua alta, na casa de 9% e a população continua perdendo poder aquisitivo. E há a perda da renda das famílias, já que os salários também diminuíram. “Dessa forma, mesmo a pessoa estando empregada, ela procura outras fontes de renda para conseguir pagar as contas no final do mês, incluindo os chamados “bicos”, explica Sena. E é justamente nos bicos que muitos paraenses encontraram a alternativa para tentar driblar essa crise e conseguir se manter, mesmo que esse trabalho seja diferente da sua profissão inicial.

Entre os postes de energia e a garupa da motocicleta

João troca o trabalho de eletrecista pelo de mototaxista nos finais de semana. (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

O eletricista João Moraes Filho, 30 anos, trabalha durante a semana, desde 2011, para uma prestadora de serviço da concessionária de energia. Já nos fins de semana, ele troca de uniforme e passa a atuar como moto-taxista na área do Icuí Guajará. “Hoje não tem como viver só com um emprego. Tá tudo muito caro. As despesas só aumentam”, justifica.

Casado e pai de dois filhos, João ganha R$ 1.700,00 no seu emprego formal e chega a tirar R$ 800,00 por fim de semana com o transporte de moto. Sua esposa não trabalha e cuida apenas dos filhos. “Quero crescer na vida, continuar trabalhando para estudar e fazer um curso técnico de eletrotécnico. Quem sabe mais tarde fazer um curso superior de Engenharia Elétrica?”, sonha.

Deixando o trabalho mais perfumado

Bruno trocou as telecomunicações pela venda de cosméticos. (Foto: Marcelo Lélis/Diário do Pará)

Em junho deste ano, o engenheiro eletricista Bruno Henrique Caires, 35, saiu da empresa onde trabalhava há um ano. Mas ele não esmoreceu e começou a atuar como consultor de uma empresa de cosméticos de venda direta. “Comecei a trabalhar com Marketing Multinível em agosto. E estou me mantendo com isso”, diz ele, depois de atuar por 16 anos com Telecomunicações. “Decidi mudar de área e de rumo”.

Ele garante estar mais feliz agora do que na sua profissão de origem, apesar do preconceito que ainda ronda a atividade. “É um negócio onde o meu maior trabalho é lidar com gente”, explica. Em pouco mais de 2 meses ele já comanda uma equipe de mais de 30 pessoas. “Não tenho cobrança de horário e trabalho com amigos, em casa e perto da minha família”, garante. Ele lembra que o negócio de cosmético não tem crise. Por isso, pretende continuar nesse mercado. “Ainda não ganho mais do que antes como engenheiro, porém a tendência de médio prazo, é equiparar meus ganhos de antes”, calcula.

A escolha: pagar o aluguel ou seguir o seu sonho?

Afonso Gallindo, 47, é documentarista e formado em publicidade, mas hoje trabalha na área de comunicação na Assessoria da Assembleia Legislativa do Estado. “A publicidade entrou na minha vida quando morava ainda no Rio e era camelô”, lembra. Ele diz que queria trabalhar na área, mas não conhecia ninguém no Rio que atuasse na publicidade e isso foi um fator complicador. “Retornei para Belém e, depois de algum tempo e por intermédio de dois amigos, consegui vaga numa agência”.

Ele trabalhou em várias funções até chegar à de direção de arte e criação. “Fazia bicos para aumentar a grana pro aluguel e despesas diárias. Em Belém, principalmente, o salário nas agências é muito baixo”. O mercado, diz, não respeita seus profissionais, por isso teve de largar a área. “Exigem excelência, mas não possibilitam os recursos para isso”, reclama. Gallindo também voltou para a sala de aula: ele está no sétimo semestre do curso de Comunicação Social de uma faculdade particular.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)

Nenhum comentário:

Postar um comentário