(Foto: Divulgação)
Com surtos sucessivos no país desde 2013 – de dengue, zika, chikungunya e, mais recentemente, febre amarela -, o Instituto Evandro Chagas (IEC) vem tendo papel central não apenas no alerta, mas no estudo destes arbovírus (transmitidos por artrópodes, como mosquitos), informou a Folha de S. Paulo em reportagem nesta quarta-feira (19).
Ao longo destes anos, o IEC, por exemplo, foi responsável por desenvolver uma vacina contra o zika, em parceria com a Universidade do Texas. O centro paraense acabou de concluir a fase de estudos em macacos e chegou a uma opção que será testada em humanos. Situado em Ananindeua, região metropolitana de Belém, o instituto completou 80 anos em novembro e passa por sua fase mais produtiva.
Sua seção de patologia, que recebia cerca de 400 amostras para diagnóstico por ano, recebeu 625 em 2015 e 926 no ano passado. "Terminamos 2016 ainda com zika acontecendo e com a chegada de amostras de primatas e humanos mortos por febre amarela. Já temos quase 300 casos para diagnóstico só neste ano. Se isso se mantiver, vamos passar de mil", diz Arnaldo Martins Filho, 40, chefe da seção de patologia do IEC.
Exames, pesquisas e treinamentos
Além da demanda por exames, aumentou também a de treinamento – o instituto ensina técnicas de diagnóstico para pesquisadores de diversos laboratórios, como os da Fiocruz, do Rio, e do Adolfo Lutz, de São Paulo. O orçamento do IEC acompanhou a alta: em 2014, estava em torno de R$ 40 milhões anuais; em 2016, foi de R$ 60 milhões. Neste ano, o instituto pediu R$ 100 milhões, mas recebeu R$ 70 milhões.
A gente não vive só do orçamento do ministério, obtemos financiamento na Capes, no CNPq, no Finep. No ano passado, conseguimos mais de R$ 25 milhões para gastar em projetos pelos próximos três anos", diz o virologista Pedro Vasconcelos, 59, diretor do instituto desde 2014.
Boa parte desse impulso financeiro se deveu à crise do zika e sua associação com a microcefalia em bebês, conexão que foi demonstrada pioneiramente pelo IEC. O vírus da dengue, no entanto, continua sendo o mais problemático em termos de saúde pública, com seus quase 2 milhões de casos no ano passado.
Vasconcelos também destaca a crescente disseminação do chikungunya. "Em 2015, foram notificados cerca de 8.000 casos em todo o país. Em 2016, já eram quase 300 mil casos. Tivemos quase 200 mortes por causa do chikungunya no ano passado, algo inédito no mundo. E ainda não entendemos direito o porquê disso. Na África e na Ásia ele não causou essa quantidade de mortes", finalizou.
(Com informações da Folha de S. Paulo)
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