Ocombate a surtos virais foi o tema da última edição do ano do projeto Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, coordenada pelo médico Cláudio Domênico e realizada na última quarta-feira. No mesmo dia, o Ministério da Saúde confirmou a relação do vírus zika com a síndrome de Guillain-Barré, inflamação dos nervos que pode deixar uma pessoa paralisada. No fim de novembro, o órgão já havia confirmado a associação entre o zika e a microcefalia — malformação em que o bebê nasce com o cérebro menor e menos desenvolvido. “Projeções indicam que, no pior cenário, terminaremos o ano com quase 1,5 milhão de registros de pessoas infectadas por zika no Brasil. Na melhor das hipóteses, serão 500 mil casos. Nenhuma das duas perspectivas é boa”, disse Celso Ramos Filho, infectologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e palestrante do evento na Casa do Saber O GLOBO, na Lagoa.
Segundo o médico, uma das grandes dificuldades relacionadas tanto ao zika quanto à dengue é o diagnóstico. Ambos são classificados como flavivírus, assim como a febre amarela. Logo, não é raro que o exame PCR, utilizado para detectar o zika, confunda o vírus com outros da mesma família. Então, quem já teve dengue, por exemplo, pode receber um exame positivo para zika apenas porque não se pôde distingui-lo do vírus da dengue.
Para um resultado preciso, o exame deve ser feito até cinco dias após o início da infecção. Ainda não existe um teste sorológico que determine se a pessoa teve zika meses ou anos atrás. Para piorar a situação, os vetores que transmitem essas doenças — não só o aedes aegypti, mas também o aedes albopictus — estão em crescente circulação. O primeiro vem sendo considerado a maior ameaça, já que é o mais encontrado nas cidades. “As doenças transmitidas pelo Aedes são o maior problema de saúde pública deste século”, destacou Ramos Filho.
O liberal
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