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quarta-feira, 23 de março de 2016

Homicídios no Estado aumentam 126% em 10 anos

O Pará, mais uma vez, é apontado como um dos Estados mais violentos do País. Em 10 anos, o número de homicídios praticados no território paraense teve um aumento de 126,5%. Foram 3.447 crimes ocorridos em 2014 contra 1.522 em 2004. Os dados fazem parte do “Atlas da Violência 2016”, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Realizado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Atlas apresenta dados de todo o Brasil, de 2004 a 2014.

Por cada grupo de 100 mil habitantes, a taxa de homicídios do Pará ocupa a 8ª posição. As microrregiões paraenses Bragantina e Salgado (veja os municípios que fazem parte no box abaixo) foram incluídas no ranking das 20 regiões com maior aumento na taxa de homicídios em uma década. O levantamento mostra que a taxa de assassinatos no Brasil tem diminuído nas grandes cidades e aumentado no interior, sobretudo nos Estados do Nordeste do País e no Pará.

Das 20 microrregiões mais violentas, 16 estão no Nordeste e as outras 4 no Pará. São elas: Altamira (8°); Parauapebas (11°); Marabá (13°) e Belém (20°). Dentre as 20 microrregiões que apresentaram maior crescimento nas taxas de homicídios, 14 estão no Nordeste e duas – Bragantina e Salgado – no Pará. De acordo com o estudo, a análise das 20 microrregiões com maior crescimento das taxas de homicídios apresenta 2 pontos importantes: a velocidade com que a piora veio ocorrendo e o avanço em municípios e regiões que, até o início dos anos 2000, eram considerados pacíficos.

O Ipea usa a região de Bragança, no nordeste do Pará, como um exemplo deste avanço desordenado da violência. “Esse esgarçamento das condições de segurança alcançou localidades que, até o início dos anos 2000, eram bastante pacíficas”, afirmam os pesquisadores, no relatório.

VARIAÇÃO 

Segundo o estudo, a análise da variação das taxas de homicídio após 2010 registra aumento do grupo de unidades federativas com queda nas taxas de homicídio. Esse grupo, segundo o Ipea, pulou de 8 para 12 estados brasileiros. “Cabe destaque para as vigorosas diminuições nas taxas de homicídios no período, que aconteceram no Paraná (-20,9%) e no Espírito Santo (-14,8%)”, destaca. 

A partir de 2013, pela 1ª vez desde 1980, o Espírito Santo saiu da lista dos 5 Estados mais violentos do País, ao mesmo tempo em que se juntou a outros Estados que lograram diminuição das taxas de homicídios, como São Paulo (-52,4%), Rio de Janeiro (-33,3%), Pernambuco (-27,3%) e Rondônia (-14,1%). 

“A SOCIEDADE DO PARÁ VIVE EM ESTADO DE PÂNICO" 

Para o deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), Carlos Bordalo (PT), os números revelados pelo Ipea sobre os homicídios no Pará não chegam a ser uma surpresa. “A sociedade do Pará vive em estado de pânico. Não se respeita mais escolas, hospitais nem mesmo velório. A área de segurança do Estado está perdendo esta guerra”.

"A área de segurança do Estado está perdendo esta guerra", afirmou o deputado Carlos Bordalo. (Foto: divulgação)

Os episódios de execuções no Pará revelam, segundo o parlamentar, a existência de grupos de extermínio que atuam em favor de crimes de encomenda, muitos deles motivados pela agiotagem e tráfico de drogas. Mostra ainda que o Governo de Simão Jatene não tem estratégias de combate qualificado ao crime organizado e que insiste em negar a ação de milícias em regiões como o sudeste do Pará e a Região Metropolitana de Belém. Segundo Bordalo, há vários requerimentos ignorados pelo governador Simão Jatene, que sugerem medidas de combate à violência. Entre as quais está o pedido de ajuda do Governo Federal, mais policiamento ostensivo e maior capacidade do setor de inteligência na área da segurança pública.

SAIBA MAIS

ESTADOS QUE DIMINUÍRAM TAXAS DE HOMICÍDIOS

São Paulo (-52,4%), Rio de Janeiro (-33,3%), Pernambuco (-27,3%) e Rondônia (-14,1%) 
HOMICÍDIOS DE JOVENS DE 15 A 29 ANOS 

No Pará, o número de homicídios entre jovens na faixa etária de 15 a 29 anos cresceu, de 2004 para 2014, 122,7%. No Rio Grande do Norte, essa variação foi de 450,8%. Ceará (244,1%) e Maranhão (244,0%) também estão no ranking das maiores ocorrências de homicídios contra jovens.

MORTES POR ARMAS DE FOGO

Do total de homicídios cometidos no Brasil em 2014, 76% foram praticados com o uso de armas de fogo (44.861). De 2004 até 2014, a alta foi de 14,1%. Nos Estados, o ranking ficou assim: Maranhão (+379,2%), Ceará (324%), Rio Grande do Norte (296,5%), Amazonas (285.5%) e Pará (172,6%).

PESQUISA “ATLAS DA VIOLÊNCIA”

O documento faz o levantamento de homicídios, com base no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. É analisada a evolução dos homicídios nas unidades federativas; a letalidade policial; a evolução de mortes violentas contra os jovens,negros e mulheres; além de avaliada a relação da arma de fogo com os homicídios.

MICRORREGIÕES

BRAGANTINA 
Engloba os municípios de Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Capanema, Igarapé-Açu, Nova Timboteua, Peixe Boi, Primavera, Quatipuru, Santa Maria do Pará, Santarém Novo, São Francisco do Pará e Tracuateua. 

SALGADO
Abranges os municípios de Colares, Curuça, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, São Caetano de Odivelas, São João da Ponta, São João de Pirabas, Terra Alta e Vigia.

(Luiza Mello/Diário do Pará)

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