Ananindeua e Santarém são os municípios brasileiros com as piores redes de saneamento básico. É o que revela o Ranking do Saneamento nas 100 Maiores Cidades, divulgado ontem pelo Instituto Trata Brasil, com base nos últimos dados publicados pelo Ministério das Cidades no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base 2014. Estão nesses dois municípios as populações que mais sofrem pela precariedade de rede de abastecimento de água e pela falta de coleta e tratamento de esgoto.
Na última posição do ranking de atendimento total de água tratada, Ananindeua aparece com cobertura de pouco mais de um quarto da população (26,89%). Santarém figura três posições logo acima, com margem de 45,34%. Os demais municípios que compõem as últimas posições são todos nortistas: Porto Velho (31,43%), Macapá (36,42%) e Rio Branco (50,21%). No geral, 91 dos 100 maiores municípios listados, possuem mais de 80% da população com água tratada. Em 23 cidades, o percentual chega a 100%. “O indicador médio foi de 93,27%, o que indica que, no geral, esses municípios possuem níveis de atendimento em água superiores à média brasileira (83% pelo SNIS 2014)”, avalia o estudo.
Ainda de acordo com o levantamento, 37% das 100 maiores cidades fizeram mais de 80% das ligações faltantes naquele ano para universalizar o atendimento de água tratada, enquanto que 25 municípios fizeram menos de 20%. Somente seis cidades fizeram menos de 1%. É o caso de Ananindeua, Belém, Macapá (AP), Paulista (PE), São Gonçalo (RJ) e São Luís (MA). A média das 100 cidades foi de 28,47%. Em números absolutos, Ananindeua teve apenas 11 ligações; Santarém, 847; e Belém, o registro negativo de 1.445. Para efeito de comparação, São Paulo aparece na outra ponta, com 71.305 novas ligações de água e Jaboatão dos Guararapes (PE) no segundo lugar, com 51.904 novas ligações.
Na análise dos serviços de coleta de esgotos, Ananindeua e Santarém são, disparados, os piores canários do País, com 0% de atendimento à população. Na sequência aparecem Porto Velho (RO), com 2,04%; Macapá (AP), com 5,54%; Jaboatão dos Guararapes (PE), com 6,59%, Manaus (AM), com 9,9%; e Belém, com 12,7%. A pesquisa indica que 42 cidades reportaram que mais de 80% da população possui os serviços de coleta de esgotos, sendo duas com 100%: Franca (SP) e Belo Horizonte (MG). A maior parte (50%) disse ter entre 20,1 e 79,9% da população com coleta e oito baixo desse índice. O indicador médio de população com coleta foi de 70,37% indicando que, no geral, os maiores municípios possuem índice maior que a média Brasil em 2014 (49,8%).
Doze municípios fizeram mais de 80% das ligações de esgoto faltantes, enquanto que 61 cidades fizeram menos de 20%. Nove municípios informaram que fizeram 100% e seis, dentre eles, Ananindeua e Santarém, não obtiveram nenhuma melhora em seu número de ligações. O indicador médio dos municípios ficou em 8,87%.
O tratamento de esgotos com relação ao volume de água consumida tem novamente o pior quadro nos municípios paraenses de Ananindeua e Santarém, com 0% de alcance. Na mesma situação, estão Governador Valadares (MG), Porto Velho (RO) e São João de Meriti (RJ). Belém surge logo em seguida, com o pior quadro dentre as capitais, com margem de só 2,25% dos habitantes atendidos.
Esse foi o pior indicador apurado na pesquisa: apenas 19 municípios tratam mais de 80% de seus esgotos, 52% entre 20,1 e 79,9% e 29 cidades tratam menos de 20%, o que mostra que é o principal problema a ser superado. Apenas três cidades tratam 100% (Limeira, Piracicaba e São José dos Campos - SP). A média de tratamento de esgotos dos municípios foi 50,26%, ligeiramente superior à média nacional de 40,8% - um patamar demasiadamente baixo.
O liberal
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