Durante mais de trinta anos a situação da rodovia Santarém-Cuiabá é exatamente essa que estamos vendo; a diferença agora, é que a parte intrafegável da rodovia se limita a trecho relativamente pequeno, se comparado com o que era há uns anos atrás, quando os atoleiros se estendiam por quase toda a extensão da BR 163 e transformava uma viagem de poucos quilômetros em vários dias de sofrimento.
Não foram poucas as pessoas doentes que morreram sem conseguir socorro, por causa dos atoleiros, e mesmo com todos os apelos feitos àquela época, o país nunca se escandalizou com o sofrimento das famílias de agricultores que colonizaram as margens dessa rodovia.
Agora, depois que a BR-163 passou a servir como um grande corredor de exportação, gerando riquezas para o vizinho estado do Mato Grosso, o governo federal se sensibilizou com a situação dos caminhoneiros presos na estrada por conta de atoleiros e rapidamente, após a divulgação da mídia, montou uma força tarefa para resolver o problema e evitar prejuízos maiores para os empresários da soja.
Até o governo do estado se apresentou para ajudar na logística de distribuição da ajuda humanitária que vai atender os caminhoneiros e também as famílias das comunidades rurais incluídas no decreto de calamidade pública baixado pelo prefeito de Trairão.
Embora essa ajuda chegue com um pouquinho de atraso, pois a fase mais aguda do problema já passou, mas ainda assim ela é bem-vinda para as comunidades que foram afetadas por causa da interdição da rodovia.
Há que se destacar nesse caso a diferença de atitude do governo federal diante de uma mesma questão; os atoleiros na rodovia Santarém - Cuiabá existem desde que ela foi aberta na década de setenta, quando era utilizada somente pelas populações dos municípios dessa região do Estado, e naquela época ninguém se preocupava com os atoleiros da rodovia.
Felizmente agora, para o bem de todos que dependem da rodovia para ir e vir, a situação mudou, pois interesses em jogo também mudaram e o socorro do governo chega mais cedo quando há figuras influentes sendo prejudicada, e nesse caso, o governo agiu rapidamente para atender aos apelos dos empresários de Mato Grosso.
Essa é a interpretação mais completa da forma de agir do estado brasileiro: atender, primeiro, os interesses dos mais fortes.
Jornalista Weliton Lima
Comentário do telejornal Focalizando, quinta-feira (02/03)
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