A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) divulgou na tarde desta segunda-feira (28) o laudo de reprodução simulada do caso das mortes ocorridas no município de Pau D’Arco, no sudeste paraense, em 24 de maio deste ano.
O exame de Reprodução Simulada dos Fatos (RSF), popularmente conhecido como “Reconstituição de Crime”, visa refazer, simular, de forma semelhante à original, com maior número possivel de detalhes, o delito ocorrido. A realização do laudo envolveu mais de 100 profissionais, com toda celeridade e um esforço incansável da instituição em esclarecer os fatos”, como enfatizou o secretário de Segurança, Jeannot Jansen.
De acordo com a conclusão do laudo, a dinâmica mais provável da ação que acarretou a morte de 10 posseiros na Fazenda Santa Lúcia teria ocorrido entre seis e sete horas da manhã, quando naquela data, policiais civis e militares chegaram à Fazenda para cumprir 14 mandados de prisão contra um grupo de pessoas que ali estavam acampados. Os posseiros teriam escutado a movimentação de chegada dos policiais e empreenderam fuga para o interior da fazenda. Os policiais, sob o comando do delegado de Conflitos Agrários, Valdivino Miranda, foram divididos em grupos a fim de localizá-los, de posse dos mandados de prisão.
O grupo comandado pelo tenente-coronel Carlos Kened Gonçalves de Souza, do 7º Batalhão de Policia Militar, sediado em Redenção, composto pelo tenente Rômulo Neves de Azevedo, tenente Cristiano Fernando da Silva, cabo Wellington da Silva Lira e pelos soldados Jonatas Pereira e Silva e Rodrigo Matias de Souza seguiu a pé para o interior da fazenda. Os demais grupos saíram em diferentes direções a fim de cobrir todo o quadrante da propriedade. Dois posseiros haviam saído do acampamento e ido em direção à sede da fazenda quando viram que a Policia se aproximava. Alertados por eles, o restante do grupo pegou seus pertences e empreendeu fuga para uma área de mata mais densa dentro da propriedade.
Os policiais seguiram os rastros dos posseiros até que os encontraram abrigados sob uma lona, para se proteger da chuva que caía naquela ocasião. O barulho da chuva e da vegetação impediu os posseiros de perceberem a aproximação dos policiais, que chegaram disparando vários tiros em direção ao local onde estavam abrigados. Um dos tiros, disparado de uma espingarda a cerca de sete metros de distância, atingiu Jane Júlia de Almeida. Com os disparos, os posseiros saíram correndo e se esconderam às proximidades - e até dentro - de uma lagoa próxima e em áreas de vegetação mais densa. Cessados os disparos, os policiais se dirigiram ao acampamento, onde encontraram vítimas fatais e outros feridos, assim como as armas usadas por eles. Depois de render os que estavam machucados, fizeram buscas nas redondezas.
Ainda segundo o relatório, os PMs pediram auxilio aos policiais que estavam na sede e pouco tempo depois uma equipe da Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) e do Grupo Tático de Xinguara chegou ao local, quando começou uma nova sequencia de disparos. Toda a ação policial acarretou na morte das 10 vítimas. Cinco delas foram atingidas por uma arma que não foi entregue aos policiais. Para chegar a essa conclusão, os peritos utilizaram os exames de simulação e os posteriores confrontos entre as versões e depoimentos apresentados como prova material do caso.
O secretário de Segurança Pública afirmou que os policiais continuarão afastados de suas atividades. Ele definiu como “desastroso o resultado da operação policial que, inicialmente, seria legítima e legal”. Para ele o resultado da Reprodução Simulada dos Fatos apresentado é muito próxima da realidade. Segundo o general, o processo de investigação foi conduzido com com justiça e celeridade e os resultados obtidos serão encaminhados à Justiça Militar e Civil para que, junto com outros laudos, auxiliem no esclarecimento e responsabilização dos fatos. A Polícia Federal do Pará também participou das investigações das mortes em Pau D’Arco. O envolvimento do órgão no caso havia sido determinado pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim.
O resultado do laudo era uma das provas mais esperadas. Agora, falta pouco para que o inquérito policial seja concluído. “O documento será entregue à autoridade policial que preside o inquérito na Polícia Federal, que possivelmente concluirá o relatório final”, explicou Jansen. Além do titular da Segup, estiveram presentes na coletiva o delegado Silvio Maués, da Polícia Civil; o secretário de Inteligência e Análise Criminal, delegado Rogério Moraes; o diretor-geral do Centro de Perícias Científicas "Renato Chaves", Orlando Gouveia; o perito criminal Edmilson Lobato e o superintendente da Polícia Federal no Pará, Uálame Fialho Machado, além dos peritos responsáveis pelo laudo. Por Márcio Flexa - Secretaria de Comunicação/Governo do Estado.
Fonte: http://www.policiacivil.pa.gov.br/
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