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terça-feira, 20 de junho de 2017

ONDA DE MORTES AMEDRONTA PARAENSES

(Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

   
No Pará, a violência urbana e os acidentes de trânsito ocupam o segundo lugar entre as causas de mortes. Inclusive, superam as mortes por câncer. Pesquisas realizadas por instituições apontam números alarmantes: de 2004 a 2014, mais de 20 mil pessoas foram mortas por armas de fogo no Estado, de acordo com o Mapa da Violência de 2016, divulgado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). E, de 2005 a 2015, pelo menos 14.120 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito, segundo dados do Departamento de Informática (Datasus) do Ministério da Saúde.

Já em 2014, foram registradas 996 mortes por neoplasias ou diferentes tipos de câncer, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A denúncia é do Sindicato dos Médicos do Estado do Pará. Para o diretor do Sindmepa, o médico João Gouvêa, a situação vai além do âmbito de segurança pública: trata-se de um problema de saúde pública. “Afeta a família, a economia e os serviços de saúde. Uma pessoa internada por tentativa de assassinato ocupa o leito de um enfermo em estado grave”, argumenta.

SEM PLANEJAMENTO

Membro do Conselho Estadual de Saúde, Gouvêa ressalta que é preciso haver um trabalho integrado para a promoção de políticas públicas, caso contrário, a tendência é de crescimento contínuo dos casos de violência, a exemplo do que o DIÁRIO registrou o último fim de semana. Pelo menos cinco pessoas morreram em acidentes de trânsito e oito foram mortas por arma de fogo, na Grande Belém. Ele lembra que a situação já foi levada ao Conselho e, em seguida, ao Governo do Estado.

Reunindo diversas secretarias de governo, o Sindmepa, órgãos de trânsito municipal e estadual, além de associações, um grupo de trabalho foi criado há alguns anos e algumas ações educativas começaram a ser colocadas em prática, inclusive em escolas públicas. Porém, hoje o grupo já não existe mais e a principal cobrança do Sindmepa é que o trabalho seja retomado. “Não podemos aceitar essa situação de violência. O problema precisa ser discutido sem levar para o lado político”, acrescenta.

DESPREPARO

Para o deputado estadual Iran Lima (PMDB), o Pará não possui uma política de enfrentamento da violência. Ele diz que o Governo do Estado precisa unir os setores de segurança pública, saúde, educação, assistência social, além da área de trânsito. “O Estado peca por não unir ações para formar o cidadão, para colocar os jovens na escolas”, diz, ao acrescentar que a sociedade não vê resposta diante de crimes graves como as chacinas que têm se repetido, sobretudo na Grande Belém. 

Na visão do deputado, a polícia faz o trabalho dela de capturar os criminosos, mas os crimes não são investigados como deveriam nem solucionados. “A impunidade gera o aumento da criminalidade. Temos um governador fraco, que não se manifesta por medo de assumir a responsabilidade”, afirma.

DADOS ALARMANTES

Segundo o Sidmepa, somente de janeiro a maio deste ano, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, situado em Ananindeua, já registrou 1.792 atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito.

Os acidentes com motocicletas são os mais comuns, correspondem a 41% do total de acidentes registrados. Gouvêa garante que cerca de 80% das internações no hospital são de pessoas que sofreram acidentes de motocicletas.

“Não existe, nos âmbitos estadual e municipais, nenhum tipo de ação educativa no trânsito. Um jovem que fica inválido é retirado do mercado de trabalho. Isso afeta a previdência e as verbas públicas”, resume Gouvêa.

(Pryscila Soares/Diário do Pará

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