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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Família acusa médico de negligência por morte de recém-nascida em Anapu

O médico foi prefeito de uma cidade no interior do Tocantins, onde teve prisão preventiva decretada por desvios

"Eu não sabia que era uma menina. Quando eles arrancaram a minha filha de mim, eu perguntei o que era, e fiquei muito feliz em saber que era uma menininha, pois era o meu sonho. Na hora eu pensei 'é a minha Vitória', mas depois, eu fiquei triste demais".


O relato de Francilene Costa de Lima, de 32 anos, é sobre o dia 22 de novembro, quando ela estava em trabalho de parto no Hospital Municipal de Anapu, sudoeste paraense. Contudo, o que era para ser um momento de grande felicidade, terminou com a filha de Francilene morrendo algumas horas depois, em um caso onde as circunstâncias que levaram à morte da crianças ainda estão desconhecidas pela família.

Segundo a mãe, o médico responsável pelo parto era o Dr. Barbosa. O médico foi prefeito do município de Goaiantins, em Tocantins, entre 2005 e 2008. Conhecido como Dr. Barbosa, o ex-prefeito teve prisão preventiva decretada em agosto deste ano, após pedido do Ministério Público Estadual. Barbosa responde a várias ações cíveis e criminais por desvio de verbas públicas.

"Ele teria autorizado o pagamento de serviços que não foram prestados e de materiais que não foram entregues ao município, apropriando-se posteriormente de parte dos valores e concordando com que empresários também se apossassem das verbas públicas", apontou o MPE à época do pedido de prisão.

Agora, trabalhando no hospital de Anapu, Francilene disse que Dr. Barbosa inclusive fez alguns dos exames do pré-natal de sua filha. "Eu fazia os exames em um postinho de saúde perto da minha casa, com uma médica cubana, mas quando tinha alguma coisa mais séria, eles me mandavam para o Hospital. Lá, o doutor Barbosa chegou a me atender e fazer uma ultrassom", disse a mãe.

Na última quarta-feira, quando entrou em trabalho de parto, a mãe chegou ao hospital por volta de 9h. Quando a criança veio ao mundo, pesando cerca de 6,900 kg, a equipe teria chamado o dr. Barbosa, pois o feto era muito grande e não estava saindo. Após algum tempo tentando finalizar o parto, a criança saiu, mas com várias complicações. Após uma análise inicial da equipe médica, a mãe foi informada que o bebê teve que ser levado até o Hospital Regional de Altamira.

O atestado de óbito diz que a recém-nascida teve lesões cranianas, além de ter quebrado o braço esquerdo, uma clavícula e duas costelas. "Minha filha foi assassinada", disse a mãe. A família acusa o médico de negligência, já que, por ele ter feito o pré-natal, ele deveria ter visto que o parto não poderia ser convencional. "A equipe de Altamira me disse que ela chegou sem balão de oxigênio lá, sem nada, sem nenhum equipamento que pudesse ajudar a sobreviver", lamenta a mãe.

A Polícia Civil de Anapu acompanha o caso deve instaurar inquérito policial para apurar a conduta do médico e do hospital do município.

FONTE: ORM

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