Enquanto o inverno paraense este ano tem previsão de ser irregular em parte do Pará, onde na maioria das localidades as chuvas devem ficar abaixo da média (acima de 300 milímetros - mm) em consequência do fenômeno El Niño, no ano de 2015, na Região Metropolitana de Belém (RMB), o período mais chuvoso foi de janeiro a maio, quando foram registrados 2,475mm. Entretanto, os três meses mais chuvosos foram janeiro (502,4mm), março (539,1mm) e abril (604,9mm) totalizando 1.646,4mm. Ao longo do ano foram 3.435 mm na RMB. Na maior parte do Pará persistiu déficit pluviométrico e intensificou a seca, associada ao fenômeno do El Niño. É o que conclui o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), representado pelo 2º Distrito de Meteorologia (2º Disme), em Belém.
Já os cinco meses menos chuvosos na RMB - que envolve os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara - ocorreram de julho a novembro de 2015, com registro de 494,4 mm de chuvas. Os destaques foram para setembro (96,7mm), outubro (26,4mm) e novembro (98,3mm). Em relação ao clima, no ano de 2015, o Inmet registrou temperatura máxima de 38,5°, dia 1º de dezembro, e a mínima de 21°, dia 2 de janeiro daquele ano.
Segundo Raimundo Abreu de Souza, coordenador Inmet, em 2015, as chuvas ocorreram abaixo da média histórica em grande parte do Pará no decorrer dos períodos chuvosos, notadamente nos três últimos meses do ano: outubro, novembro e dezembro. “Verificou-se irregularidades na distribuição de chuvas ficando Belém e parte da Região Metropolitana, Sul e Centro da Ilha do Marajó, áreas da Transamazônica e o centro do Pará acima da média histórica. E na maior parte do Estado ficou abaixo da média”, explica o especialista
Ainda segundo o coordenador do Inmet, a diminuição das chuvas foi associada, principalmente, à configuração de bloqueios atmosféricos sobre os oceanos Pacífico e Atlântico Sul. “Na grande área central do País a configuração de Zonas de Convergência de Umidade contribuiu para a ocorrência de chuvas, ainda que insuficientes para a recuperação das reservas hídricas. Houve considerável aumento e expansão das anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM), no setor leste do Pacífico Equatorial, entre março e abril de 2015. No Atlântico Tropical, as anomalias de TSM favoreceram o posicionamento mais ao sul da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) em abril passado. Porém, os ventos alísios mais fracos resultaram em fraca atuação deste sistema - o que contribuiu para a existência do déficit hídrico”, esclarece.
Raimundo Abreu de Souza destaca que o Oceano Atlântico Norte foi determinante para ocorrência das chuvas no período chuvoso causando extremos em área localizadas no Pará, inclusive Belém, devido à posição geográfica da cidade e Região Metropolitana.
Ainda no ano passado, o fenômeno El Niño - Oscilação Sul (Enos) persistiu na região equatorial do Oceano Pacífico com anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM), que excederam 3°a 4ºC (grau Celsius) em torno da longitude do meridiano 120°W e costa da América do Sul. “O El Niño é o aquecimento anômalo das águas do Pacífico Equatorial e sempre causa redução de chuvas no Estado”.
Contudo, em 2015, persistiu déficit pluviométrico na maior parte do estado do Pará. “De leste a oeste e de norte a sul intensificou a seca, associada ao fenômeno El Niño, destacou-se uma grande irregularidade na distribuição espacial e temporal das anomalias de precipitação, destacando-se a estiagem ‘seca’ nos meses de setembro a dezembro, notadamente no sul , sudoeste e oeste do Estado, abrangendo as cidades de Conceição do Araguaia, Santarém, Paragominas e municípios arredores”.
Monitoramento
O coordenador do Inmet afirma que o Instituto monitora o fenômeno El Niño e seus impactos no Pará, e, por enquanto, continuam anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar, o Oceano Pacífico Equatorial apresenta valores positivos superiores a 4ºC, observa-se anomalias positivas de TSM no Atlântico, na costa da América do Norte e ao longo da costa da África, e também aquecimento na costa do Pará. “Esses são indicativos que amenizam os impactos do El Niño, pois abranda mais a estiagem causando chuvas na região litorânea do Pará e parte do nordeste do Estado, incluindo a Região Metropolitana de Belém”.
O fenômeno climático El Niño de 2015/2016 é um dos três mais fortes dos últimos 50 anos, atingiu seu ápice nas últimas semanas e, provavelmente, retornará a um estado de neutralidade, a partir de março deste ano. “O fenômeno é ocasionado pelo aquecimento da superfície da água na porção leste do Oceano Pacífico e está associado à redução de chuvas ou até secas extremas no Pará. O impacto do El Niño foi sentido com mais intensidade no oeste, sul, parte do nordeste e centro do Pará”, diz.
“Vários indicadores do El Niño - Oscilação Sul (Enos) sugerem que o fenômeno 2015/2016 atingiu seu auge nas últimas semanas. Modelos climáticos sugerem que ele declinará durante os próximos meses, com o retorno às condições neutras, provavelmente durante o segundo trimestre de 2016 (abril, maio e junho). Podemos considerar normais as chuvas na região sul do Pará, abrangendo Conceição do Araguaia, São Félix do Xingu, Redenção e Serra dos Carajás, e todos os municípios arredores destes. As chuvas estão mais frequentes acontecendo inclusive fortes chuvas com raios e trovoadas”, informa Raimundo Abreu de Souza, coordenador do Inmet.
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